Nova integrante da lista de municípios baianos em estado de epidemia de dengue, Salvador registra uma média de quase dois imóveis com focos do mosquito Aedes aegypti (LIRa) a cada 100 propriedades vistoriadas pelas equipes de saúde do município. O alerta está nas regiões do Subúrbio Ferroviário, Centro Histórico e Cajazeiras, onde os índices de infestação são maiores.
Os dados são do Levantamento Rápido de Índice para o (LIRAa), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). De acordo com ele, no Subúrbio foram encontradas larvas em 2,5% dos imóveis vistoriados, o que significa uma média infestação e estado de alerta. Centro Histórico e Cajazeiras seguem no mesmo cenário, com índices de 2% e 1,3%. Acima de 4%, já é considerado alto risco.
Segundo a secretaria, 75% dos depósitos de larvas dos mosquitos são encontrados nas residências, em quintais, imóveis comerciais ou locais abandonados. A pasta tem realizado ações com mais de 1,3 mil agentes de endemias nas ruas, com ações diárias, que passam pela identificação, tratamento dos focos e conscientização da população. Subcoordenadora de ações de controle de arboviroses do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Lucrécia Lopes explicou a reportagem que as medidas da SMS vêm variando conforme a necessidade avaliada em cada região.
“Se, por exemplo, o depósito encontrado tiver materiais inservíveis, a gente programa ações com a Limpurb, que atua quando temos terrenos com acúmulo de lixo. Já na questão de armazenamento, o depósito encontrado [com larvas] preferencialmente pode ser devido ao nível do solo, quando tem água constante naquela região, então a gente tenta manter contato com a Embasa. Em algumas situações também oferecemos [SMS] capas para túneis e tanques”, disse Lopes. As ações ganharam reforço também do Exército, Aeronáutica e Marinha.
Nas últimas quatro semanas, a capital baiana vem registrando aumento nos casos de dengue e já atingiu 100 registros a cada 100 mil habitantes. Isso fez com que Salvador entrasse em estado de epidemia. A última atualização da SMS aponta para um total de 674 casos confirmados.
Municípios em epidemia
Na Bahia os números também vêm crescendo. Pouco mais de um mês após a primeira morte causada pela dengue em 2024, o estado já registra 18 óbitos. Em suas semanas, a lista de municípios em epidemia saiu de 122 para 272 cidades.
Até mesmo drones passaram a auxiliar no combate à dengue, identificando o acúmulo de água parada em áreas de difícil acesso para os agentes, como locais com tanques abertos, piscinas, pneus, calhas e outros pontos com acúmulo de objetos. Porém, sem autorização do morador, não é possível completar a ação de combate ao Aedes aegypti.
É por isso que a diretora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), Márcia São Pedro, ressalta a importância da ação também realizada pela população, que, juntamente com os órgãos públicos, pode evitar que novos criadouros do mosquito se estabeleçam.
“A população precisa tirar todo dia dez minutinhos e olhar dentro da sua residência. Quais são os possíveis focos? Olha o ralo, atrás da geladeira, se tem aquela bandeja com acúmulo de água, não deixar garrafas, limpar os quintais, as calhas. Bairros com dificuldade de abastecimento de água que precisa armazenar a água, o local de armazenagem deve estar vedado”, orienta.