Um grupo de ex-líderes, membros da diretoria e ex-funcionários do ministério Lifestyle Christianity publicou uma carta aberta à Igreja com graves acusações contra o pastor Todd White, figura conhecida internacionalmente por sua atuação no evangelismo de rua e pregação sobre milagres e sinais sobrenaturais. O documento, assinado por pessoas que conviveram de perto com White por anos, detalha uma série de comportamentos que, segundo eles, desqualificam o pastor como líder cristão.
“Escrevemos esta carta não por amargura, mas para proteger outros”, afirmam os autores, que declaram ter tentado, repetidamente, responsabilizar Todd White por suas atitudes. “Nosso maior desejo é que Todd se arrependa sinceramente, retorne ao seu propósito e caminhe em humildade.”
Apesar do texto enfatizar que as críticas não são relacionadas à doutrina de dons espirituais ou milagres, o grupo levanta sérias questões sobre a integridade e o caráter do pastor. A seguir, estão listadas todas as denúncias apresentadas na carta:
Principais denúncias contra Todd White:
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Mentiras constantes e manipulação emocional
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Todd prega sobre liberdade do pecado, mas, segundo os denunciantes, é “o mais prolífico mentiroso” com quem já conviveram.
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Ele teria criado histórias falsas, exagerado testemunhos e manipulado narrativas para se proteger.
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Costuma se vitimizar quando confrontado e é descrito como alguém que mente até sobre mentir.
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Pressão por testemunhos e manipulação de histórias
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Segundo os relatos, ele pressiona pessoas a contarem testemunhos, que são registrados e usados para autopromoção.
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Violência doméstica
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Acusado de ter agredido fisicamente uma de suas filhas, resultando em um olho roxo.
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Ambiente de trabalho tóxico
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Quatro equipes executivas deixaram o ministério nos últimos quatro anos.
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Diversos funcionários teriam saído por causa do comportamento controlador de White.
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Uso indevido de doações
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Foi documentado o uso indevido de:
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US$ 20 mil supostamente destinados a um colete médico, que nunca foi comprado.
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US$ 100 mil para o ministério infantil, que nunca recebeu melhorias e foi encerrado.
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Também usou recursos do ministério para contratar segurança particular.
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Desvio de recursos para uso pessoal
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Teria solicitado que ministérios parceiros fizessem cheques diretamente em seu nome, contrariando o protocolo do conselho administrativo.
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Difamação de ex-colaboradores
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Criava versões falsas sobre a saída de funcionários e os acusava de má conduta e roubo para desacreditar críticas.
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Falta de prestação de contas
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Recusava-se a ser supervisionado, mesmo por membros da diretoria.
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Quando confrontado, removia quem tentava responsabilizá-lo.
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Mentiras envolvendo figuras públicas
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Disse publicamente que o teólogo Michael Brown revisava suas pregações semanalmente, o que foi desmentido pelo próprio Brown.
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Abuso de autoridade para benefício pessoal
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Coagia funcionários a realizar tarefas particulares e usava a frase “Deus disse” para justificar decisões manipuladoras.
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Mentiras sobre agenda pessoal
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Dizia estar com doadores enquanto, na realidade, estava em outros lugares.
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Uso comercial da fé
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Tentou trazer o avivamento do seminário de Asbury para seu ministério como forma de aliviar crises financeiras.
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Prioridade ao dinheiro em eventos
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Cancelava compromissos para pregar em eventos que pagavam cachês maiores.
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Fofocas e revelação de segredos alheios
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Espalhava informações pessoais sobre amigos do ministério, incluindo problemas conjugais e familiares.
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Exigências extravagantes
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Irritava-se ao não receber tratamento VIP em igrejas parceiras.
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Recusava voar em classe econômica.
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Mentiras sobre saúde
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Declarou ter sido curado de apneia do sono, mas não foi.
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Disse que ficou “sarado” por orientação divina, mas usou lipossucção e reposição hormonal.
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Hipocrisia em práticas pessoais
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Condenava o uso de cafeína publicamente, mas consumia bebidas energéticas.
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Omitia o uso de suplementos durante jejuns, para parecer mais espiritual.
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Falsas demonstrações de generosidade
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Dava presentes caros diante das câmeras, mas usava dinheiro do ministério para reembolsar-se.
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Assédio institucional
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Impunha NDAs (acordos de confidencialidade) como condição para pagar indenizações a ex-funcionários.
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“Influência perigosa e fé abalada”
Os autores da carta enfatizam que a maior parte das pessoas impactadas pelo ministério Lifestyle Christianity começaram com intenção sincera, mas saíram manipuladas, desiludidas e emocionalmente destruídas.
“Ele prega ousadia, mas vive com medo. Projeta pureza, mas opera com controle e ego. Manipula usando a fé alheia como ferramenta”, diz um dos trechos mais duros da carta.
O grupo afirma que, mesmo diante de tantas evidências, líderes de grandes ministérios se recusam a considerar as denúncias por não envolverem escândalos sexuais. Para eles, isso apenas perpetua o que chamam de “cristianismo de celebridade”, onde o carisma suplanta o caráter.
“Esperamos que Todd White encontre arrependimento e restauração verdadeira, e que a Igreja se liberte dessa cultura de promoção pessoal que tanto tem ferido seus membros”, conclui o texto.
Até o momento, Todd White não se pronunciou oficialmente sobre as denúncias. A carta vem ganhando repercussão internacional entre líderes cristãos e membros de ministérios que acompanham o evangelista.