Advogado entra com representação no MP contra Igreja Quadrangular após agressão a pastor

Uma ação truculenta envolvendo a Igreja do Evangelho Quadrangular terminou em agressão e polêmica na cidade de Montes Claros, Minas Gerais. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o pastor Marcos, de quase 60 anos, sendo algemado por dois homens que alegavam estar cumprindo ordens da instituição religiosa. Durante a abordagem, o pastor teve um dedo quebrado, precisou de atendimento médico e o caso gerou indignação entre fiéis e a comunidade local.

O que aconteceu?

Segundo relatos, o pastor Marcos anunciou que sua congregação não faria mais parte da Igreja do Evangelho Quadrangular, desvinculando-se da estrutura organizacional da denominação. Três dias depois, uma comissão enviada pela direção da igreja teria arrombado o imóvel onde a congregação se reunia, alegando a retomada do espaço.

Ao resistir à abordagem, o pastor foi algemado e teve um dedo quebrado na ação, que foi registrada em vídeo. O boletim de ocorrência confirma o relato de lesão corporal e a tentativa de remover o pastor do local à força.

Representação no Ministério Público

Indignado com o ocorrido, o advogado e pastor Mariel Marra protocolou uma representação no Ministério Público de Minas Gerais para investigar os crimes cometidos durante a ação. Segundo ele, pelo menos cinco crimes podem ter sido praticados, incluindo lesão corporal, dano ao patrimônio, constrangimento ilegal e exercício arbitrário das próprias razões.

“O que vimos aqui ultrapassa qualquer limite do razoável. Um pastor que serviu à comunidade por mais de 20 anos foi tratado como criminoso por exercer seu direito de posse legítima. Isso não pode ser tolerado em uma sociedade que preza pelo Estado de Direito”, afirmou Marra.

O advogado explicou que, embora o imóvel pertença formalmente à Igreja do Evangelho Quadrangular, o pastor Marcos tinha a posse do espaço por mais de duas décadas, o que lhe garante direitos legais. “A posse não é o mesmo que propriedade. O pastor tinha o direito de permanecer no local, especialmente enquanto a questão fosse discutida judicialmente. A ação da igreja foi arbitrária e ilegal”, ressaltou.

Danos coletivos

Além dos crimes diretos, Marra destacou o impacto coletivo do ocorrido. “A agressão e o desrespeito não afetaram apenas o pastor, mas também a comunidade local e os membros da igreja. O dano moral coletivo é evidente e precisa ser reparado judicialmente”, afirmou.

Marra pediu a instauração de um inquérito policial para apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos. “Espero que o Ministério Público atue com celeridade e rigor, para que situações como essa não se repitam. É inaceitável que pastores sejam tratados como criminosos por decisões administrativas.”

O caso segue em investigação, e a repercussão tem gerado debate entre fiéis e líderes religiosos sobre os limites da autonomia e das ações das igrejas.

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