Um templo dedicado ao luciferianismo foi recentemente aberto no município de Itatiaia, no interior do Rio de Janeiro, próximo à Rodovia Presidente Dutra. Sob a liderança de Jonathan de Oliveira Ribeiro, conhecido como “Mestre Jonan”, e sua esposa, Lídia Almeida, o espaço promove uma prática espiritual que tem gerado debates e forte repercussão nas redes sociais.
A inauguração oficial aconteceu com a realização de uma cerimônia de casamento marcada por elementos visuais considerados inusitados. O noivo chegou montado a cavalo, enquanto a noiva foi conduzida em uma liteira vermelha. O altar, decorado com flores e objetos também vermelhos, refletia a estética neogótica do local, cujas paredes pretas e cruzes invertidas compõem a identidade visual da nova igreja.
Apesar das polêmicas em torno da proposta, o casal à frente da instituição rejeita qualquer associação com o satanismo tradicional. “Lúcifer não é o diabo. Aqui, falamos de luz, sabedoria e da busca pelo autoconhecimento. Não estamos ligados ao culto do mal”, afirmou Mestre Jonan. Ele defende que o luciferianismo tem base espiritual e não deve ser confundido com manifestações satânicas ou rituais de oposição religiosa.
Durante a cerimônia, os noivos trocaram votos que incluíam promessas de equilíbrio, respeito mútuo e amor. O ritual também incluiu danças, oferendas de pétalas e homenagens a Astaroth, figura reverenciada pelo grupo como representação do sagrado feminino e da energia amorosa.
O templo tem chamado atenção na internet, especialmente nas plataformas Instagram e TikTok, onde vídeos das atividades da igreja somam milhões de visualizações. Um bode chamado Zebu, que permanece na entrada do templo, se tornou símbolo e figura recorrente nas postagens da comunidade.
Antes de ser adaptado como igreja, o espaço funcionava como um terreiro de quimbanda, religião de matriz afro-brasileira. Na época, eram realizados rituais com sacrifício de animais — prática autorizada pela legislação brasileira, desde que respeite o bem-estar dos animais e tenha finalidade religiosa ou alimentar.
Segundo matéria da Folha de S.Paulo, o local ainda está em processo de regularização e aguarda o alvará de funcionamento. O fundador afirmou estar atento às obrigações legais. “Estamos organizando toda a documentação exigida pelas autoridades”, garantiu Jonan, que admite estar ciente das resistências enfrentadas por instituições semelhantes em outras regiões do país.