A Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA) está sendo acusada de racismo após enviar um comunicado aos seus fiéis no último dia 3 de dezembro, proibindo o uso de penteados afro. O texto determinava restrições relacionadas à aparência e ao comportamento dos membros, estabelecendo penalidades para aqueles que não seguissem as normas.
De acordo com o documento, a igreja proibiu roupas consideradas sensuais, maquiagens, cortes de cabelo para mulheres, entre outros itens, e, especificamente para os homens, vetou o uso de penteados afro e calças coladas. A orientação afirmava que membros em desacordo ficariam “fora de comunhão” e não poderiam participar de eventos ou atividades religiosas até que “corrigissem o mal testemunho”.
O caso gerou forte repercussão, levando o Movimento Negro Evangélico a apresentar uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), com base na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989). O MP confirmou que a denúncia será encaminhada ao Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi).
Segundo Jackson Augusto, coordenador do Movimento Negro Evangélico, a Bíblia não pode ser usada como instrumento de discriminação: “Como pessoas negras evangélicas, não podemos mais tolerar que a Bíblia seja utilizada para reproduzir uma violência tão grave como o racismo.”
Em nota, a igreja afirmou que a proibição do penteado afro “não está mais valendo” e declarou repudiar qualquer forma de discriminação. O Movimento Negro Evangélico ressaltou que o caso vai além da IPDA, refletindo práticas discriminatórias recorrentes em diversas igrejas e destacou a importância de acionar a Justiça para estabelecer limites.