PT terá mais de 2.000 candidaturas evangélicas em 2024

Quebrando de vez o conceito distorcido e muitas vezes maldoso mesmo (principalmente por parte da direita) que garante que “crente” não pode ser de esquerda, o Partido dos Trabalhadores (PT) apresenta para as próximas eleições mais de 2.000 pré-candidaturas, a serem homologadas nos próximos dias em suas respectivas convenções. São mais de 200 pré-candidatos à prefeito(a) ou vice-prefeito(a) e mais de 1.800 para as câmaras municipais por todo o Brasil, tendo aspirantes em todos os estados brasileiros.

A expectativa, com essas candidaturas, além de demonstrar a pluralidade e a diversidade de ideias que o PT sempre defendeu, é também marcar presença na luta popular e periférica, onde os movimentos evangélicos proliferam cada vez mais. A luta por justiça e igualdade, defendida tanta por evangélicos que realmente seguem a Jesus de Nazaré quanto pelo maior partido de esquerda da América Latina é o fermento que faz crescer essa massa que ganha força a volume na busca por um mundo melhor.

“Com muita luta e formação política, disputando a sociedade, fortalecendo as organizações de base mudaremos esta curva conservadora crescente no mundo e na sociedade brasileira. A ideologia é nosso alicerce, a fé nos dá esperança, a luta nos encoraja.” disse Gutierres Barbosa, vice-presidente da Igreja Batista Nazareth em Salvador (BA), Secretário de Desenvolvimento Territorial do PT/BA e Coordenador Nacional do Setorial Inter-religioso do PT.

Presente desde a criação do PT, Benedita da Silva talvez seja o nome que encarne toda essa potência da mulher evangélica e da ativista política. Sem nunca negar sua fé, Benedita enfrentou todas as batalhas sem perder a ternura. Firme até hoje, tanto no seu amor ao PT quanto na sua fé em Cristo, Bené inspira a muitas outras pessoas que chegam para somar nessa disputa tão árdua, num momento tão difícil em que a extrema direita tenta cooptar o discurso religioso e impor uma cultura do ódio e da violência.

É o caso de Mônica Francisco, mulher negra, pastora, cria do Borel e cientista social, pré-candidata a vereadora na cidade do Rio de Janeiro. Mônica falou ao Site Revista Fórum sobre esse momento tão especial: “Penso que a importância dos evangélicos nesse pleito eleitoral, e ainda mais compondo o maior partido de esquerda da das Américas, é sem dúvida uma demonstração de que evangélicos não são todos uma coisa só, que há uma capacidade é uma possibilidade real de disputa de narrativa em um campo que se vende como único e hegemônico mas que guarda uma diversidade muito grande. A defesa de que o Evangelho é sobretudo uma forma de exercício da efetivação de justiça social”.

Pré-candidato a vereador na capital alagoana, o também pastor Wellington Santos, conhecido por sua luta junto aos movimentos sociais, como o MST, e no enfrentamento à Braskem, empresa responsável pelo maior crime ambiental em área urbana do mundo, disse que “nada mais natural do que pessoas que se apresentam como evangélicas e cristãs se identifiquem com o PT e se coloquem para disputar a narrativa de um evangelho, anunciado por Jesus, que viveu nas periferias do seu tempo, trazendo boas novas aos pobres. Contrapor a pregação de ódio, intolerância, negacionismo, preconceito contra os corpos, denúncia do acúmulo de riqueza e falta de amor, que tanto pregou nosso amado Senhor, Salvador e Mestre Jesus, é urgente e fundamental neste momento pelo qual estamos atravessando em nosso país.”

E continua sua fala lembrando a história do partido: “Nunca devemos esquecer que o PT nasceu da “aliança” entre os movimentos sindicais, intelectualidade brasileira e as comunidades de base da Igreja Católica. Logo, a fé cristã progressista se fez presente no nascedouro deste partido de esquerda que é na atualidade o maior partido deste aspecto ideológico das Américas (…) o detalhe importante, é que a maioria absoluta destas pessoas que na atualidade se apresentam como neo-evangélicas, vivem nas periferias esquecidas e violentadas em todos os sentidos do nosso país.” Completou o pastor Wellington do Pinheiro, como é conhecido em Maceió, pela referência ao bairro onde sua igreja está e luta pelo direito de existir em meio à destruição causada pela Braskem.

Quem também apresenta sua pré-candidatura pelo PT, é o pastor Zé Barbosa Jr, colunista da Fórum e presença constante nos programas da TV Fórum quando o tema é religião e política. Teólogo e historiador, Zé Barbosa é pré-candidato a vereador em Campina Grande, cidade em que acontece um dos eventos principais do fundamentalismo evangélico brasileiro e onde o desafio de se contrapor à bancada evangélica é uma necessidade. Sobre o fato de ser cristão e de esquerda, tem uma resposta na ponta da língua: “Quando me perguntam como concilio o fato de ser cristão e de esquerda, respondo que estão fazendo a pergunta ao pastor errado. Quem tem que se explicar é quem é pastor e de direita. Ele é que tem que explicar como concilia a fé cristã com um sistema baseado na exploração do próximo e no acúmulo de riquezas, coisas que Jesus sempre condenou.” Zé também é um dos coordenadores nacionais do Núcleo de Evangélicos do PT.

Conferência eleitoral evangélica

O Partido dos Trabalhadores realizará no dia 7 de agosto, às 19h, a 1ª conferência eleitoral evangélica do PT, para o debate interno de questões importantes em relação às eleições de 2024.

O evento, que foi pensado numa parceria entre o setorial nacional inter-religioso do partido, juntamente com o Núcleo de Evangélicos e Evangélicas do PT (NEPT) está convocando os mais de dois mil filiados e filiadas que se autodeclaram evangélicos e que apresentaram seus nomes para pré-candidaturas em todo o país, seja para prefeituras ou câmaras municipais. Em suma, vai ter muita gente crente com a estrela do PT nas campanhas pelo Brasil inteiro, gente que une a fé e a luta por justiça e igualdade, e que faz parte do “time de Lula”.

É o Partido dos Trabalhadores voltando às bases, reconstruindo conexões com as periferias, com os movimentos sociais e com a massa evangélica, que é cada dia mais importante na existência e resistência política das áreas mais populosas e esquecidas do nosso país. Antes tarde do que nunca.

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