No início de julho, o Irã elegeu um novo presidente, mas a participação nas eleições foi historicamente baixa, com apenas 43% dos eleitores comparecendo às urnas. Além disso, houve inúmeros boicotes em protesto ao processo eleitoral.
Diante desse cenário, qual é o impacto da ascensão de Masoud Pezeshkian para os cristãos perseguidos no Irã, que atualmente ocupa a 9ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2024?
A lista classifica os 50 países onde os cristãos enfrentam maior perseguição no mundo.
Nos últimos anos, o país ganhou destaque não apenas pelas violações dos direitos das mulheres, como a morte da jovem Mahsa Amini por “uso incorreto” do hijab (véu islâmico), mas também pelo seu envolvimento na guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas na Palestina.
Novas ondas de prisões
A escolha de Masoud, conhecido por sua postura moderada e reformista, desperta esperança de que possam ocorrer mudanças positivas no tratamento das mulheres e das minorias religiosas no Irã, incluindo os cristãos.
O presidente eleito declarou que muitas ações da Inteligência Iraniana foram “imorais” e reconheceu a importância das diversas minorias religiosas, incluindo as comunidades cristãs históricas.
No entanto, há poucas chances de mudança real para os seguidores de Jesus sob a nova gestão. Por exemplo, na mesma semana da eleição, oito cristãos foram enviados para a prisão.
“O fato de o presidente ter sido escolhido na eleição com menor participação civil mostra a falta de apoio da sociedade iraniana às mudanças e reformas. O poder continua nas mãos de pessoas fora da política”, afirmou Michael Bosch, analista da perseguição da Portas Abertas, organização que apoia os de mais de 350 milhões de cristãos perseguidos no mundo.
O aiatolá Ali Khamenei, junto com outros clérigos e líderes muçulmanos, exerce grande influência nas decisões do país.
Apesar de serem escolhidos fora do âmbito político, sem o apoio desses líderes, o presidente tem pouco poder de ação. Michael Bosch destaca que o último presidente do Irã, Hassan Rouhani, também era reformista, mas não trouxe melhorias significativas para os cristãos perseguidos.
Segundo a Portas Abertas, nos últimos meses, uma nova onda de prisões atingiu os cristãos de origem muçulmana, resultando em sentenças que totalizam 45 anos de prisão.
Duras penas
No Irã, o evangelismo é proibido, e cristãos que abandonaram o Islã para seguir a Jesus são impedidos de participar de igrejas. As autoridades impõem duras penas de prisão para aqueles que praticam a fé cristã em igrejas secretas.
Na prisão mais recente, nem todos os cristãos foram identificados. No entanto, de acordo com a organização Article 18, Yasin Mousavi foi o que recebeu a maior sentença, de 15 anos.
“É preocupante que os outros presos continuem anônimos. Muitos ficam meses ou anos na prisão, outros são obrigados a pagar multas ou recebem açoites, o que torna evidente o aumento da pressão aos cristãos no Irã”, afirma o analista da Portas Abertas. Ainda assim, a igreja de Cristo resiste e testemunha o amor de Jesus no Irã.
Ali e Zahra, que vinham de famílias muçulmanas no Irã, enfrentaram graves consequências quando a fé cristã do casal se tornou pública após sua conversão.
Ali perdeu o emprego, e a família perdeu privilégios sociais. Apesar das adversidades, o amor por Jesus só cresceu. Eles se juntaram a uma rede de igrejas domésticas secretas e foram presos por isso.
Eles participam de um vídeo onde relatam sua experiência de prisão e como a perseguição aos cristãos tem ocorrido no Irã.
Ajuda aos cristãos presos
Os tipos de prisões variam de acordo com o país, mas uma coisa é constante: todos os cristãos presos apenas por seguir a Jesus precisam saber que não foram esquecidos.
Existem muitas formas práticas de apoiar esses cristãos, como fornecendo alimentos, oferecendo cuidados pastorais e promovendo advocacy (mobilização de setores influentes da sociedade em defesa dessa causa).
A Portas Abertas lançou a campanha “Ajuda a Cristãos Presos” para apoiar os encarcerados no Irã e em outros países onde enfrentam perseguição e privação de liberdade.