As discussões sobre a “lei das sacolas plásticas”, que está em vigor depois de ser aprovada pela Câmara Municipal soteropolitana, devem ganhar novo impulso nos próximos dias. A fiscalização da medida que proíbe o uso e distribuição de sacos plásticos não recicláveis e obriga estabelecimentos comerciais a ofertarem gratuitamente alternativas para as sacolas plásticas convencionais deve ser iniciada no dia 14 de julho, em Salvador. As representações do setor estimam que mais de 30 milhões de sacolas são consumidas por mês somente nos supermercados da capital baiana.
Entre as alternativas liberadas para distribuição gratuita, as embalagens classificadas como “biodegradáveis” podem ser uma saída contraditória levando-se em conta o principal motivo da legislação, que é a preservação ambiental.
Mesmo os plásticos de material biodegradável podem permanecer por longo tempo causando danos à natureza e alguns deles podem exigir instalações industriais específicas para o processo de decomposição. De acordo com o pesquisador de Processos Químicos e Bioquímicos Hugo Villard, “as sacolas biodegradáveis demoram de 2 a 10 anos para se decompor de forma espontânea, dependendo material e do ambiente a que fiquem expostas. Mesmo as (sacolas) biodegradáveis são muito poluentes, principalmente para o ambiente marinho”, explica o professor do Senai-Cimatec de Salvador.
Diante do alerta, a livre distribuição desses e de outros tipos de embalagens, ainda que biodegradáveis, não contribui no curto e médio prazo para a diminuição do volume de plástico em circulação e com potencial de poluição de ambientes terrestres e marinhos. Para além das proibições legais, organizações que acompanham de perto o problema ressaltam a importância da mudança de comportamentos, construídas a partir da educação para a preservação ambiental.
Na análise da coordenadora de Pesquisa e Conservação da Fundação Projeto Tamar da Bahia, Nathalia Berchieri, “a educação ambiental é crucial para conscientizar a população sobre a importância de proteger os ecossistemas, promover a responsabilidade individual e coletiva, incentivar práticas sustentáveis, influenciar políticas públicas, fortalecer comunidades locais e garantir que as leis ambientais sejam cumpridas”.
De acordo com a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), os agentes de limpeza recolhem uma média diária de 2,7 mil toneladas de resíduos domiciliares. Em meio a esses resíduos, o plástico figura como um dos principais itens dispensados. Levantamento divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente aponta que um terço do lixo doméstico é composto por embalagens. Outro dado que também reforça a tendência de acúmulo desse tipo de lixo é que cerca de 80% das embalagens são descartadas após usadas apenas uma vez.